sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Desfaço 76

O PRIMEIRO filósofo que li ainda adolescente, um dinamarquês chamado
Kierkegaard, escreveu que "a pessoa que fala sobre a vida humana, que muda
com o decorrer dos anos, deve ter o cuidado de declarar a sua própria idade aos
seus leitores". E isso porque não temos pela manhã as mesmas ideias que temos no fim do dia
. Uma ideia dita de manhã abre um cenário. A mesma ideia dita no crepúsculo
abre outro cenário diferente.
Monet sabia disso. Sabia que um monte de feno que as vacas identificavam
como o mesmo através das horas do dia, sob as diferentes oscilações da luz,
se tornavam outros. Assim, ele não pintava o mesmo monte de feno várias vezes:
ele pintava os vários montes de feno que se revelavam sob as oscilações da luz.
Apresso-me, portanto, a revelar a minha idade, para que os meus leitores vejam
o que estou vendo. Hoje, dia 15 de setembro de 2009, estou desfazendo 76 anos.
Minha idade pinta uma paisagem crepuscular.
O revisor se apressará a corrigir o meu erro. Eu devo ter me distraído, coisa
compreensível na minha idade... Não há nem na literatura nem na linguagem comum
exemplo desse uso estranho da palavra "desfazer" para se referir ao que acontece
num aniversário. O certo é "fazer". Ato contínuo ele deletaria o "des"
e o texto ficaria liso, sem causar tropeções no leitor: hoje, dia 15 de setembro,
o Rubem Alves está "fazendo" 76 anos. Assim tem sido minha relação com
revisores: desentendemo-nos sobre a vida e sobre as palavras...
Aí me veio à memória uma observação de Rolland Barthes que não consigo
repetir por não ter encontrado o livro: ele disse (perdoem-me se me engano!)
gostar dos textos que fazem tropeçar e não dos textos próprios para deslizar.
O deslizamento deixa os pensamentos do jeito como estavam, enquanto que o
tropeção e o tombo são ocasiões para o susto e a súbita iluminação.
É um equívoco contabilizar o número dos anos vividos na coluna da adição.
Adição é a coluna do "mais". Diz que algo aumentou. Mas o que aumentou?
A vida? Na contabilidade dos anos de vida, tudo que parece "mais" é, na realidade,
um "menos". O número contabiliza os anos que foram desfeitos. Chronos
é o deus cruel que devora os seus filhos...
O correto seria perguntar ao aniversariante: "Quantos anos você não tem? E ele
responderia "Eu não tenho 42". "Quantos anos você está desfazendo hoje? Estou
desfazendo 54..."
Lá estão as velinhas sobre o bolo, coroadas pelo fogo, maravilhoso símbolo da
vida. Aí todos começam a bater palmas, a sorrir e a cantar: o aniversariante irá
apagar as chamas com um sopro. No seu lugar ficarão os pavios negros,
retorcidos, soltando fumaça, trevosos. Apagadas as velas, todos batem palmas e
riem. Confesso que não entendo...
Bachelard o disse com delicadeza insuperável: "A vela que se apaga é um sol
que morre. O pavio se curva e escurece. A chama tomou, na escuridão que a
encerra, seu ópio. E a chama morre bem; ela morre adormecendo"...
Quero que minha chama se apague adormecendo. Não quero que um sopro forte
apague o meu fogo. Espero que minha vela vá se desfazendo vagarosamente...
No meu aniversário não haverá velinhas a serem apagadas com um sopro bruto.
Vou mesmo é acender uma vela bem grande que deverá ser acesa e ficar acesa
até que o último amigo se despeça. Então eu e minha vela, sozinhos como dois
amantes, nos despediremos... Até o ano que vem, se os ventos não forem
fortes...

Rubem Alves, na Folha de S.Paulo.

p.s: Postei este texto por que não consegui achar nenhum que expressasse melhor
a minha opinião sobre aniversários....a propósito ontem eu desfiz 28 anos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Isso É Brasil




                                Custo sem beneficio


Você sabe o quanto pesa no nosso bolso cada deputado e senador?
Os números são assustadores e pior ainda são vergonhosos, veja e chore:
Aqui no Brasil temos 594 congressistas sendo 81 senadores e 513 deputados
O salário mensal de cada senador ou deputado federal é de R$ 16, 509,09
Cada senador pode ter até seis assessores e cinco secretários, e recebem por ano
R$ 1, 066, 000,00 para pagar esses funcionários, sendo que cada secretario ganha R$6,8 mil por mês e cada assessor R$8 mil fora isso eles (os senadores) ganham por ano R$ 16, 680,00 só para viagens oficiais, somando tudo isso cada senador custa por ano só R$ 1, 618, 460,00, mas esperem não é só isso, cada deputado pode ter até 25 funcionários e recebem por ano cerca de R$ 780, 000 só para pagar esses funcionários, e R$ 45, 174,96 para viagens representando a câmara, ou seja, para manter cada deputado (513!) é gasto por ano R$ 1, 340, 077,56 e tem mais:
Senadores e deputados federais recebem 15 salários por ano!!!! 12 mensais+
Décimo terceiro+dois “subsídios” no mesmo valor do salário... Que maravilha não é?
Ou seja, cada senador custa por ano mais de R$ 1,5 milhão e cada deputado R$ 1,3 milhão fora as horas extra que eles alegam fazer e são pagos sem ter que provar se fizeram mesmo e fora a corrupção que custa cerca de US$ 10,7 bilhões por ano!!!
A Transparência Internacional calculou o índice de percepção da corrupção no Brasil
Em 2008. O Brasil tirou 3,5 com esse índice, ele ficou na posição de número 80 entre 180 países avaliados, vergonhoso não? Um assalariado teria que trabalhar 269 anos sem gastar nada para chegar aos R$ 1,5 milhão que um único senador gasta em um só ano, por isso que nós temos que pagar imposto de tudo aqui no Brasil e por isso que é tão difícil conseguir um aumento significativo no salário mínimo...
Você acha isso justo?
Você acha isso certo?
Eu acho uma vergonha...

Fontes: Revista Galileu número 219, matéria escrita por Érica Georgino
Fontes dos dados: Transparência Brasil, Transparência Internacional, Secretaria de Pesquisa Opinião Publica do Senado Federal, Data Senado, Centro de Referência do Interesse Publico – UFMG/Vox Populi, FIESP.



domingo, 4 de outubro de 2009

Por que Você Não Quer Mais Ir À Igreja


Depois de toda uma vida dedicando-se à Igreja e ao caminho que sempre lhe pareceu o certo. Jake Colsen está diante de uma dolorosa dúvida: como é possível ser cristão há tanto tempo e, ainda assim, se sentir tão vazio?
Mas o amor divino está sempre a postos para transformar vidas. Observando uma multidão numa praça, Jake depara com João, um homem que fala de Jesus como se o tivesse conhecido e que percebe a realidade de uma forma que desafia a visão tradicional de religião.
Com a ajuda do novo amigo, Jake irá reavaliar os conceitos e crenças que norteavam seu caminho. Levar uma vida cristã significa ter os comportamentos aprovados pelo grupo religioso a que pertencemos?
A cada nova palavra de João, assistiremos ao renascimento de Jake em busca da verdadeira alegria e da liberdade que Cristo veio ao mundo oferecer. Na reconstrução da sua vida, perceberemos a ação do Deus de perdão e amor.


Estupidez

Eis a sublime estupidez do mundo; quando nossa sorte está abalada, muitas vezes pelos excessos de nossos próprios atos, culpamos o sol, a lua, as estrelas pelos nossos desastres;
Como se fossemos canalhas por necessidade, idiotas por influência celeste; escroques, ladrões e traidores por comando do zodíaco; bêbados, mentirosos e adúlteros por forçada obediência
A determinação dos planetas; como se toda perversidade que há em nós fosse pura instigação...


William sheakespeare

Receptores

O computador nos torna fantasticamente mais capazes de calcular e analisar,
Mas não nos ajuda a refletir
Temos os instrumentos que nos possibilitam ver desde as nebulosas até os nêutrons
Tudo exceto nós mesmos
Aumentamos imensamente a capacidade da nossa visão, mas não do nosso discernimento
Para isso temos os mesmos equipamentos que os profetas do século oito
Potencialmente os mesmos, mas na verdade muito mais deficientes, pois enquanto nos esforçávamos tanto para aumentar o nosso conhecimento e nossa auto percepção
Permitimos que outros aspectos se atrofiassem construímos para nós mesmos poderosas
Estações de transmissão, mas como aparelhos receptores somos patéticos


John v Taylor